O maior fenômeno do cinema estadunidense em 2013 não pertence a um grande estúdio de Hollywood, mas sim, ao pequeno e quase desconhecido Asylium, pequena produtora de filmes trash para a televisão. Sharknado, feito com apenas um milhão de dólares e narrando uma maluca história de tubarões que caem do céu nas ruas de Los Angeles durante um tornado, produção encomendada pelo canal fechado Syfy, ostenta o título de filme fenômeno 2013, ao ser visto por mais de 20 milhões de espectadores que se mobilizaram através das as redes sociais. E, finalmente o trash movie chega ao Brasil e será exibido amanhã, às 19h, pelo canal Syfy. Obra cultuada por milhões de pessoas em todo o mundo, Sharknado é uma delícia de filme ruim que vale a pena ser visto
O que você pensa ao ouvir o título desse filme: Sharknado? Com esse título estrambolico e incomum você investiria hora e meia de sua vida para assisti-lo? Antes de responder, leia essa história.
Em 11 de julho do ano passado, o Canal fechado Syfy, obteve uma das maiores audiências de sua programação com uma produção B, de baixíssimo orçamento, intitulada Sharknado. E de repente, o filme não apenas se transformou no novo fenômeno da televisão do país como também foi o responsável pelo ressurgimento do trash movie, o filme lixo.
Sharknado é um novo despertar, uma injeção de criatividade, o filme que está impulsionando o cinema trash. Rodado em apenas 18 dias pelo estúdio Asylumm – olha só o nome -, especializada em filmes de baixíssimo orçamento, custou 1,2 milhões de dólares e durante a sua primeira exibição no Canal SyFy foi visto nos EUA por mais de 20 milhões de pessoas, as quais passaram o ocupar as redes sociais numa das interações já causadas por um filme. Na reapresentação, foi visto por mais de 5 milhões de espectadores.
Sharknado é a junção da palavra shark, tubarão, na tradução literal, como o final da palavra tornado. Então, temos Sharknado, um Tornado de Tubarões. E a história é literalmente isso: um mega tornado se abate sobre Los Angeles, retira os tubarões da água e os joga sobre a cidade. Imagine, então, tubarões caindo do céu em piscinas, rios, córregos, e, ajudados pela água do mar do mar que invade a cidade, perseguindo as pessoas em suas casas, carros, ruas e avenidas… Ah!, Sharknado é uma delícia…
3D e trash
Assim como o 3D ressurgiu em 2009 com Avatar, de James Cameron, o trash estava moribundo desde a década de 80, toma novo impulso e tem cerca de uma dezenas de produções em circulação pelos canais fechados de televisão, especialmente o Syfy. Nesses tempos, da década de 80 até a primeira década de 2000, criou a exigência da seriedade e a exigência de qualidade, daí o trash não ter obtido o interesse do grande público. E olha lá que esse gênero tem milhões de fãs pelo mundo afora. Por falar em 3D, essa tecnologia tinha tudo a ver com os trash nos anos 50 e hoje é o grande veículo de faturamento do cinema. Hoje, a tecnologia de luxo resgatada por James Cameron.
Um pouco do gênero trash: teve uma de suas fases áureas entre 1953, quando Ed Wood lançou Glen or Glenda?, até 1987, quando Tobe Hooper lançou O Massacre da Serra Elétrica 2 e Peter Jackson o seu Bad Taste. Durante esse período, esse gênero revelou cineastas que viriam a se consagrar como grandes realizadores, como Sam Raimi, Roger Corman, John Waters, Dário Argento, Robert Rodriguez, David Cronenberg e Tim Burton, entre outros. Steven Spielberg, por exemplo, fez várias de suas criações, uma delas intitulada Tubarão (1975), inspirado nos trash movies. Depois daí, o gênero desde então manteve-se através de algumas produções feitas por estúdios especializados, como a Asylum, mas que que não chamavam a atenção. Mais recentemente, J. J. Abrams homenageou o gênero – e a Steven Spielberg – com a decente ficção científica Super 8 (2011).
O bom do ruim
Sharknado tem tudo aquilo, e um pouco mais, do que um filme trash precisa para ser bom e até vir a receber a glória de Cult. Tem uma história absurda, atores ruins, descontinuidade, diálogos horrorosos, paupérrimos efeitos especiais e sequências engraçadíssimas. E o diretor Anthony C. Ferrante, autor também da história, demonstrando que aprendeu a grande lição dos trash movies, ainda a narra quase como se fosse uma reportagem jornalística. Ou seja, tudo dentro do real. Ué, como esse filme pode ser… bom? Resposta: criatividade. E, na trilha desse sucesso, seguem-se outros da linhagem dos tubarões como Shark Week (2012) e O Ataque do Tubarão |Mutante (2 Headed Sharks Sttack), ambos de Christopher Ray, Tubarões da Areia (Sand Sharks), de Mark Stkins, e Tubarão Fantasma (Ghost Shark), de Griff Furst, entre outros.
Outro detalhe: além de promover a retomada dos trash movies, Sharknado, que obviamente inspira-se em Tubarão, de Steven Spielberg, incentivou a criação de um subgênero, o qual por falta de um nome, denomino aqui de copy blockbuster, que é a copiagem quase literal das megaproduções de Hollywood. Já são dezenas produções realizadas nos EUA, mas disponíveis nos sites de compartilhamento e ainda inéditas no canais fechados e locadoras de filmes no Brasil, como Atlantic Rim, paródia de Pacifim Rim, de Guillemo Del Toro, que no Brasil ganhou o título de Círculo de Fogo; AE Apocalypse Terra, cópia de Depois da Terra, de M. Night Shyamalan; 2012: Ice Age (2012), de Travis Fort, cópia de O Dia Depois de Amanhã (2004), de Roland Emmerich; e Cowboys & Zombies (2011) e Alien Showdown: the Day the Old West Stood Still (2013), de Rene Perez, mistura de Cowboys & Aliens (2011), de Jon Favreau , com O Dia que a Terra Parou (2008), de Scott Derrickson, entre muitos outros.
No SyFy
Sharknado será exibido nesta sexta-feira pelo canal fechado Syfy, às 19h, horário de Fortaleza. Recomenda-se que você reúna família, prepare pipocas e refrigerantes, ou uma cervejinha, e se curta boas gargalhadas durante os seus 86 minutos. Não crie a exigência de relacionar o filme com a realidade – isso fica por conta do filme – e apenas deixe a história rolar, pois assim, garanto, você vai soltar muitas gargalhadas. Como aperitivo, antecipo dois dos vários momentos supremos da criatividade de Sharknado: uma repórter de TV é engolida por um tubarão que cai do céu e o mocinho, também abocanhado, sai da barriga do bicho graças a uma serra elétrica. Mas, há mais, muito de absurdos extraordinários em Sharknado, que, de tão ruim, é hilariantemente bom.
O sucesso de Sharknado na televisão foi tão estupendo que o canal Syfy conseguiu colocá-lo em alguns cinemas e as salas de filmes de arte o receberam muito bem. Agora, as salas de filmes de arte também estão sendo designadas como salas cults. Em Salt Lake City, por exemplo, durante a Comic-Con, fãs se apresentaram para o concurso de fantasias inspiradas no filme. A originalidade do filme trash saiu das telas e foi muito bem adaptada pelos fãs.
chegouTal sucesso, é óbvio, fez a Asylumm providenciar uma sequência, Sharknado 2: the second one, já em pré-produção, que agora terá como cenário a cidade de Nova York. A Asylum promoveu um concurso para que os fãs de Sharknado escolhessem o título da sequência. O diretor Anthony C. Ferrante, que ficou famoso do dia para a noite, diz que o filme chega em julho do próximo ano e que uma de suas ideias, caso a sequência vingue, é levar a genial história para outros países e o Brasil está na lista, pois oferece um cenário especialmente bem adequado à história.
Ficha técnica
Sharknado
EUA, 2012
Direção: Anthony C. Ferrante
Elenco: Ian Ziering, Tara Reid, Cassie Scerbo e John Heard
86 minutos
Onde e quando
Canal fechado Syfy – nesta sexta, 22, 19h (horário de Fortaleza)
Veja o trailer de Sharknado.
Clique aqui para assistir o vídeo inserido.
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